"(...)Meias verdades
E muita insensatez."

(Flora Figueiredo)

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Poeminha do Contra

"Todos estes que aí estão 
Atravancando o meu caminho, 
Eles passarão. Eu passarinho!"
(M. Quintana)

Sinto saudade do que não passou, do que não vivi. Do que ainda não sei pronunciar.
Dos cuidados que eu tinha quando não achava que tinha cuidados.
Cuidado, meu amor. Quando eu sinto saudade desse jeito, não sei dizer não pra o que não passou.
Estou com meus olhos cansados e surda dos meus sentimentos. Só o que eu sei é que a saudade agora não passa. A mágoa agora não passa. Só passa a vontade de tudo isso passar.
Os que passaram pelo caminho, se perderam entre as coisas que não conseguiram existir.
Eis que sou o meu futuro. Não sou feita de passado.
Mesmo que eu me apresse no presente, apresento para você tudo o que eu ainda não conheci e aquela saudade de sempre.
Correr para o futuro é continuar sem ter passado.

sábado, 12 de outubro de 2013

Far far alway



Só o que eu não posso mais, meu amor, é ir contra o meu amor. Eu só não quis partir antes mesmo, foi pra não ficar partida, sabe? Ao meio, aos pedaços... Partida sem poder me colar.
Você sabe como é ter partido e continuar por aqui? Quem acha que não dói, é porque nunca foi. Os meus pedaços tiveram foi que ficar pelo caminho. Porque quando a gente vai embora, uma parte vira saudade e vai escorrendo pelos dedos, pra nunca mais voltar. E só o que fica na nossa mão é esse brilho furta-cor do amor que mentiu pra a gente. Que disse que a gente ia ser feliz e esqueceu do pra sempre. 


O pra sempre não existe, meu amor.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Saudade não é amor

"Tenho lutado e renascido sobre a ignota fantasia de um dia não te querer para além do corpo. Porque te quero para além do corpo. E para além da palavra. Para além do tempo e de todas as coisas choradas sobre sentidos finitos e contornos palpáveis. É certo que isso não durará mais que o vazio deglutido. E que não conheceremos o alívio de um amor que transcende a própria ausência."
(Priscila Rôde)

Eu sei o que devo fazer, mas não sei se quero fazer o que devo. E agora, devolvo de novo? 
Tuas batidas na minha porta quase que quebram as minhas dobradiças. E eu pedi pra você ser desdobrável. Enquanto eu tô aqui, ainda tentando entender por que você não me entende. Vou fazer um desenho no seu coração, para você entender de uma vez por todas que só o que eu quero é morar aí dentro. 
Que eu não quero mais ser só vontade, só saudade. Saudade não é amor. Eu já vi esse filme passar milhares de vezes no cinema, devo sair antes que a sessão recomece.
Ah, querido. Há tempos que você foi embora, prometendo nunca mais voltar. Mas eu tenho certeza de que não é o destino, porque, se for, ele deve estar cansado de me ouvir gritar que não se dá tempo ao tempo quando não há tempo. 
Eu perco. Tempo, me perco.