"Ela desatinou
Desatou nós
Vai viver só"
(Francisco, El Hombre)
(Francisco, El Hombre)
Eu me sinto só e aceito a minha solidão. Aceito as minhas
dores que são minhas e só minhas. Tenho
tentado, com muito esforço, aceitar o que foge às minhas mãos. O que eu não vou
conseguir transformar. É bobo, eu sei. E muito pretensioso. Não pense que sou
dessas pessoas que querem muitas coisas da vida. Eu só quero mesmo um pouco de
paz. Eu quero desacelerar. Deitar a minha cabeça no travesseiro e não teorizar
a vida. Eu quero deixar de racionalizar tudo para que tudo se organize.
Eu sinto como se carregasse um grande fardo e não
estivesse aguentando mais. Existir tem me doído tanto que me encolho na cama na
tentativa de me proteger da insensibilidade do mundo. E, com grande contradição,
chego a conclusão que estou perdendo a sensibilidade. A dor do outro me
dilacera por inteira, mas a minha dor dói tanto que me anestesia. E dramatizo
dizendo que não vou aguentar, que está tudo muito pesado, que não existe amparo
para as minhas lágrimas.
Eu aceito a minha solidão, mas ela me faz ter vontade
de partir. Hoje eu acho que sinto. Desculpa. Eu sinto muito.