"(...)Meias verdades
E muita insensatez."

(Flora Figueiredo)

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Por que a gente é assim? Porque a gente é assim...

"Você tem exatamente 
Um segundo pra aprender a me amar 
Você tem a vida inteira 
Pra me devorar..."

Quero braços abertos, como a gente faz pra voar sem tirar os pés do chão?
Que eu desaprendi a fechar os olhos, só sei é fechar meu coração. A sete mil chaves, a sete mil segredos. Isso porque eu achava que o amor era só amar, sem ter que pedir nada em troca, eu achava que o amor era suficiente. E ia o alimentando, dia após dia.
Um dia, o amor devorou o meu coração.




E eu fiquei vazia.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Poeminha do Contra

"Todos estes que aí estão 
Atravancando o meu caminho, 
Eles passarão. Eu passarinho!"
(M. Quintana)

Sinto saudade do que não passou, do que não vivi. Do que ainda não sei pronunciar.
Dos cuidados que eu tinha quando não achava que tinha cuidados.
Cuidado, meu amor. Quando eu sinto saudade desse jeito, não sei dizer não pra o que não passou.
Estou com meus olhos cansados e surda dos meus sentimentos. Só o que eu sei é que a saudade agora não passa. A mágoa agora não passa. Só passa a vontade de tudo isso passar.
Os que passaram pelo caminho, se perderam entre as coisas que não conseguiram existir.
Eis que sou o meu futuro. Não sou feita de passado.
Mesmo que eu me apresse no presente, apresento para você tudo o que eu ainda não conheci e aquela saudade de sempre.
Correr para o futuro é continuar sem ter passado.

sábado, 12 de outubro de 2013

Far far alway



Só o que eu não posso mais, meu amor, é ir contra o meu amor. Eu só não quis partir antes mesmo, foi pra não ficar partida, sabe? Ao meio, aos pedaços... Partida sem poder me colar.
Você sabe como é ter partido e continuar por aqui? Quem acha que não dói, é porque nunca foi. Os meus pedaços tiveram foi que ficar pelo caminho. Porque quando a gente vai embora, uma parte vira saudade e vai escorrendo pelos dedos, pra nunca mais voltar. E só o que fica na nossa mão é esse brilho furta-cor do amor que mentiu pra a gente. Que disse que a gente ia ser feliz e esqueceu do pra sempre. 


O pra sempre não existe, meu amor.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Saudade não é amor

"Tenho lutado e renascido sobre a ignota fantasia de um dia não te querer para além do corpo. Porque te quero para além do corpo. E para além da palavra. Para além do tempo e de todas as coisas choradas sobre sentidos finitos e contornos palpáveis. É certo que isso não durará mais que o vazio deglutido. E que não conheceremos o alívio de um amor que transcende a própria ausência."
(Priscila Rôde)

Eu sei o que devo fazer, mas não sei se quero fazer o que devo. E agora, devolvo de novo? 
Tuas batidas na minha porta quase que quebram as minhas dobradiças. E eu pedi pra você ser desdobrável. Enquanto eu tô aqui, ainda tentando entender por que você não me entende. Vou fazer um desenho no seu coração, para você entender de uma vez por todas que só o que eu quero é morar aí dentro. 
Que eu não quero mais ser só vontade, só saudade. Saudade não é amor. Eu já vi esse filme passar milhares de vezes no cinema, devo sair antes que a sessão recomece.
Ah, querido. Há tempos que você foi embora, prometendo nunca mais voltar. Mas eu tenho certeza de que não é o destino, porque, se for, ele deve estar cansado de me ouvir gritar que não se dá tempo ao tempo quando não há tempo. 
Eu perco. Tempo, me perco. 

domingo, 15 de setembro de 2013

"Onde será que eu fiquei ai dentro?"

"Ficar a gente ainda vai.
Pra depois 

Ou pra trás."
(G. Nunes)

Você pediu para que eu acordasse. Mas esqueceu que eu já tinha despertado desse sonho há muito tempo. Já nem sabia mais o que era ter noticias suas, você tinha sido enfático ao dizer que estava sem tempo na sua agenda. E o que eu fui fazer, foi cuidar da minha vida...
Depois de todo esse tempo, eu não esperava que você achasse que eu ainda estou dormindo, que eu ainda estou sonhando. Coloquei meus pés no chão, dessa vez. Não dá pra fazer o mesmo com o meu coração.

sábado, 7 de setembro de 2013

Deixe seu recado

"Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão

Diz se é perigoso a gente ser feliz."
(Beatriz, Chico Buarque.)



- Oi, eu só liguei mais uma vez pra dizer que eu não vou te ligar mais. Porque eu não tenho mais nada para dizer além de que a minha vida continua na mesma, que eu continuo na merda, mas que eu tô tentando sair. E eu vou sair. E vou começar saindo da sua vida.
Eu não acredito mais em contos de fadas, muito menos que os príncipes encantados existiram um dia. Só o que ficou foi esse vazio e uma estranha vontade de ir pra frente, de seguir, de chorar. 

Mas não choro mais, minhas lágrimas secaram. Não foi com o tempo, o tempo me faz lembrar que também é mentira essa história de que o tempo cura tudo. O tempo culpa tudo. Foi isso o que eu fiz até agora. Carrego a minha culpa, a sua culpa. O meu medo, o medo de não ser ninguém depois de você. O medo de não conseguir. Só o que eu pedi foi pra ser feliz. 

Mas não, não desliga agora não. Eu sei que está tarde, mas eu ainda não terminei de dizer. Eu não tenho mais nada pra dizer além de tudo aquilo que eu sempre disse. Que eu ia conseguir, um dia, mesmo sem você. Eu sei, eu sei. Aprendi com você a descumprir minhas promessas. Mas recuperei a fé que perdi em você, e agora ela está comigo. Com um punhado de fé e vontade, sei que nada vai continuar me aprisionando. Alguns ainda teimam em dizer que eu não sei dar o passo a seguir, mas só o que eu fiz até agora foi seguir. Ai você me pergunta pra onde...Não sei responder. Mas ao contrário de você, eu não fiquei no mesmo lugar. Contudo, pareço cristalizada para sempre sentada naquele carro dizendo que não dava mais, deitada na cama perguntando o que iríamos fazer, te segurando e pedindo pra ficar, olhando pra trás e vendo que você já tinha ido mesmo. A única coisa que eu não consigo parar é com essa vontade de te dizer uma ultima coisa que eu já disse várias vezes e que eu nunca disse. Que se eu não conseguia dormir, era porque eu queria passar mais tempo te observando sonhar. Que se meu sorriso não findava, era porque eu não sabia escapar da felicidade que era olhar pra você enquanto você olhava para o mundo. Esse foi o meu erro, talvez o pior de todo os outros. Olhar para você enquanto você olhava para o mundo. E eu enxergava que você era o meu mundo. Até que o meu mundo me deu tchau e disse que me ligaria pra a gente se acertar. E me acertou. Bem no fundo do peito. E lá fui eu, pra o fundo do poço. Estou retirando o limo que ainda esta grudado do meu coração. Foi por isso que eu te liguei. Pra dizer que eu continuo viva, e que por mais que o seu tiro tenha sido forte, eu, um dia, ainda tiro você da minha vida. 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

ERRA UMA VEZ



"nunca cometo o mesmo erro duas vezes 
já cometo duas três
quatro cinco seis 
até esse erro aprender 
que só o erro tem vez"

(Paulo Leminski)

quarta-feira, 26 de junho de 2013

"Chorar é vão porque os dias vão pra nunca mais..."

"Quando chover, deixar molhar 

Pra receber o sol quando voltar"
(Felicidade, Marcelo Jeneci.)



O silencio acalma os meus pensamentos e o cheiro de chuva molhada me faz lembrar que eu já sobrevivi a uma tempestade há outros tempos.
Tenha calma com o tempo, querido. Não queira adiantar seu relógio só porque o dia já clareou. Do lado de cá, continua tudo escuro.
Tudo anda tão sujo e bagunçado, que parece que você passou por aqui novamente. Não quero mais brincar de jogos que eu não sei jogar.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Bem no fundo

"no fundo, no fundo,
bem lá no fundo, 
a gente gostaria de ver nossos problemas 
resolvidos por decreto 
a partir desta data, 
aquela mágoa sem remédio 
é considerada nula 
e sobre ela — silêncio perpétuo 
extinto por lei todo o remorso(...)" 
(Paulo Leminski)

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Quando o final não tem final

Para de me olhar com essa cara de quem não sabe o que eu estou pensando. Só o que eu quero mesmo é não ter que pensar em nada, e acho que você sabe bem disso. Você fica se fazendo de distante só pra eu achar que a distante sou eu. E que nada na distância dura muito, só a ausência.
Faz de conta que as nossas preces não são erradas e que tudo é só uma brincadeira no final do dia. De dia, vejo com mais clareza os seus olhos me pedindo pra ficar. E eu, que já tanto dei a-deus na minha vida, só sei é ir embora.
Aprendi a seguir outro caminho quando a música terminasse de tocar. Mas com você, o final é sempre o começo.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Será...

"vazio agudo
ando meio
cheio de tudo"
(P. Leminski)

quinta-feira, 18 de abril de 2013

"Quais são as cores e as coisas pra te prender?"

Você disse que seria só um amor de verão, do tipo que acaba quando o frio começa. Do tipo que esfria quando o sol vai embora.
Mas ninguém acredita em um amor de trinta segundos.

quinta-feira, 14 de março de 2013

"A gente se entrega nas menores coisas..." Caio F.

"Por isso, me recolho. Sou tímida. Um montão de gente ri quando falo isso, mas sou tí-mi-da. Só quem me conhece a fundo sabe. É que sou o tipo de gente que todo mundo pensa que conhece. Mas se enganam feio. Pouquíssima gente me desvenda. Mostro só o que quero. Não por maldade, mas por proteção. A gente tem que aprender a se proteger. Das escolhas dos outros. E até mesmo das nossas próprias escolhas."
(Clarissa Corrêa)

sexta-feira, 8 de março de 2013

Ver-de, perto.

"Há coisas que a gente não sabe nunca o que fazer com elas." 
(Mario Quintana em: Antologia Poética ou Quintana de Bolso)

Hoje, eu quero dizer que a saudade me dói menos. E que o perdão está costurando no meu peito tudo o que estava exposto. Olho para o sol e não tenho mais medo de me queimar. O que cura as feridas são mesmo as próprias feridas. Encontrar-se perdido é saber que está procurando algum sentido. E mesmo que não faça sentido algum, o caminho mais bonito é o que a gente segue sem saber se está mesmo seguindo. Da janela do ônibus, observa-se o sinal e ele sempre continua amarelo. Com seu daltonismo sentimental, cada um sabe em qual momento ele muda de cor.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Entre nós



Me tens nas entrelinhas, querido. Junto ao afago de tuas palavras não ditas, permaneço sonhando os teus sonhos mais bonitos. Quero o abraço cuidadoso que me pede para não ir embora, quero as nossas noites perdidas de sono.
O meu amor não há de ter pressa com as curvas dos seus caminhos. Encontre a placa que te chama pra voltar, pra ficar aqui, do lado da sua saudade. Para de se esconder por entre esses jogos que só ferem a ti, meu amor. Que o tempo não perdoa quem não aprendeu a amar. Encare o meu desejo e o aceite como seu. Os meus sinais são como espinhos nas flores, entende? Não procure me entender sempre, só na maior parte do tempo. Eu estou aqui.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

"Me diz o que é o sossego, que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar." (L.H.)

"A gente caminha sem sentir os dedos dos pés tocarem no chão."
 (Gabito Nunes)


Me diz mesmo o que é o sossego, me ensina a não sufocar, meu amor. A não sufocar as outras pessoas com o meu excesso de amor, de ciume e de saudade. Que elas já dão uma volta danada aqui no meu peito, sabe? Não tá sendo fácil segurar essa barra sozinha, não. Mas eu estou acordando todos os dias e fingindo que isso não acontece, pra uma hora eu acreditar e não mais acontecer. 
Então, diz pra mim o que eu tenho que fazer pra parar com esses planos e esses sonhos. Se a ideia do ano novo era exatamente não fazer planos. Mas sabes que sou metódica  que gosto de ter as minhas ações pertinho de mim, que gosto de ter você pertinho de mim. Pousa a sua mão na minha cabeça e diz que já passou, que está tudo indo como a gente tinha planejado, sem fazer planos.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

"Quem parte também fica partido"

(página do Facebook "Eu me chamo Antonio)


Me perdoe, meu Deus, mas eu matei. 

Com muito dó, sem muita piedade. Foi legitima defesa, eu sei. Mas esse nó no meu peito desfez, entende? Tive medo do arrependimento, mas essa danada não me dava outra opção. Eu juro que eu tentei conviver, ser amiga dela, aceitar todo o fado que eu carregava sozinha por conta dela, mas não deu mais. Como prova de amor a mim, eu tive que cometer um crime. Matei-a. Foi crime passional, pra a paixão ir embora. Matei a esperança do amor por amor. Cravei uma faca no meu peito para não haver mais sofrimento, veja só que contradição. E você pensa que doeu? Pior que não. 
Doeu foi antes, sem a faca, matei pra continuar viva. Porque eu estava era morrendo por dentro, viu? Eu estava acompanhada da solidão, sentir solidão por dois não é bom, não.Matei e queria dizer que vou continuar matando, caso pinte mais tristeza por ai. O que faz bem é envolto por doçura. Então, me perdoe por antecedencia, porque eu, já me perdoei faz tempo...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

"Preguei os olhos, segurei as mãos com tanta força que até hoje estou durando, até hoje estou ficando. Até hoje estou cuidando de você." 
(Priscila Rôde)

sábado, 19 de janeiro de 2013

Da chegada do Amor, Elisa Lucinda.

"Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor(...)

 
Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.
Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
 
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.
Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que sua estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis um amor que amasse."

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Tempo pra quê?

"Ah, será que o tempo tem tempo pra amar?
 Ou só me quer tão só?
 E então se tudo passa em branco eu vou pesar"
(O Tempo, Móveis Coloniais de Acaju)


"- Desculpa, eu estava sem tempo. Foi uma correria, acabei esquecendo."

Esquecimento é desculpa de quem não se importa. A falta de tempo é a aliada da mentira. Quando a gente se importa, o esquecimento vira fantasma. Se o tempo está corrido, a gente dá um freio nele e manda um sinal, um aviso de fumaça, um bilhete colado da geladeira.
Quem não se importa, não se importa em inventar uma desculpa. Qualquer desculpa assim, só para fingir que se importou, pra não ferir o ego de boa pessoa.
Quem não se importa diz "me liga mesmo", e não "eu te ligo". A pessoa que não se importa não quer firmar compromisso, não quer ter a obrigação de ligar no outro dia, de ligar no mesmo dia, de ligar.

Falta de tempo é ter coisa melhor pra fazer.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

"Se não há coragem, não se entre."
(Clarice Lispector, A descoberta do mundo)

sábado, 5 de janeiro de 2013

"Que o acaso é amigo do meu coração..."


"Se o que eu sou é também o que eu escolhi ser, 
aceito a condição. "
(O Velho e o Moço, Los Hermanos)

Digam a todos que se eu for e não mais voltar, é por excesso de coragem, excesso de bagagem no coração e nos ombros. E pra deixar tudo pelo caminho e seguir viagem, só mesmo uma loucura, um recomeço. Meço com fita métrica o caminho pra onde ir, e não sei aonde chegar.
Só sei que devo chegar, que quero chegar. Conseguirei desatar os nós antes do último por-do-sol. Serei livre, serei leve... Será?