"(...)Meias verdades
E muita insensatez."

(Flora Figueiredo)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

"Um dia veremos, um dia aprenderemos. Há sempre coisas novas. Sempre ligadas à antiga existência." (Frida Kahlo) Quando antes, sentia que ver doía cada vez mais. Deixo-te voar, meu amor. Na esperança de que você não tarde a voltar. Voa e trás de volta o que ainda sobrou de mim. E quando tiveres prestes a ir, escorre-me pelas mãos e pelo ventre, desagua a sua loucura no meu colo e repousa sobre meus pedaços espalhados pelo chão. Volta, me pega da sujeira e diz que está tudo perfeito, que está tudo bem. Não preciso de olhos enquanto tiver a sua presença. Os olhos de dentro, meu querido, estes, não se fecham nunca. E quando a gente dorme, eles quase saltam para além do desconhecido.
À você, Frida, que não deixou escapar até as levezas das dores.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Fingia que não esperava nada além de um olhar de canto, um toque no ombro. Qualquer coisa além daquela dúvida que crescia até antes de não ser percebida, de não tornar-se percebida. Uma hora viria a redenção.
E para que não chorasse, pensava em coisas como: calma, menina. Calma que vai passar. Essa onda de maus fluidos está indo embora, um hora tudo se ajeita. E se não se ajeitar... O que não tem remédio, remediado está.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Sob(re) a estação

A vontade dá e ultra-passa. Abandono os sentidos. O relógio toca esperando que eu tenha entendido que o tempo já passou, meu amor. Estamos sozinhos nessa estação, esperando um ónibus que nunca chega. Estou do outro lado da estação e você não me vê. Você, que só consegue enxergar o que é efémero. Mas começo a não cultivar esse envolvimento porque sei que você não está disposto a aceitar tudo o que eu tenho a oferecer. O que eu tenho é demais para apenas uma viagem sem volta, e suas passagens sempre estão marcadas. Não quero me perder na estação, meu bem. Então, prefiro não terminar a viagem. Pego um táxi na volta, pago mais caro por desistir dessa aventura mais cedo do que o imaginado. Entenda: com o tempo você iria esquecer de me regar. A longo prazo, love, você só me traz problemas. Saio de um abismo, para encarar outro. Por enquanto, fico à margem. Me aceito, te aceito.