"(...)Meias verdades
E muita insensatez."

(Flora Figueiredo)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"Era uma casa não muito engraçada..."



Abro a porta e não há mais espaços para mim. Alguma outra coisa ou pessoa ocupou o meu lugar. Mas o meu desgosto é só não enxergar nada além de uma casa vazia. Uma casa vazia que, mesmo vazia, não me cabe. Na sua casa, nunca teve espaço para tudo o que eu queria te oferecer. No máximo, um pouco de afeto, mas só. Só, eu fui procurar abrigo em outras vizinhanças.
A cada porta que fica entreaberta, eu espero que seja a sua. Todas as vezes em que eu olho para a sua casa, não consigo decifrar o que você quer me dizer, se é que ainda existe alguma coisa para ser dita. Alguma palavra que reorganize os nossos cômodos, que me faça querer tirar a poeira dos meus móveis.
Eu desejo que a sua casa esteja sempre limpa, mas por favor, não queria vir e bagunçar a minha. Não a suje com as suas duvidas inúteis que só vão me fazer acreditar que, um dia, você vai voltar para a nossa casa. Agora, sem nós, essa casa já não existe. Deixa-me retirar a poeira que ainda resta e os restos dos cacos espalhados pelo chão, eu não quero mais me cortar com o seu vazio.

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