"(...)Meias verdades
E muita insensatez."

(Flora Figueiredo)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sobre as leis

"E pela lei natural dos encontros,
eu deixo e recebo um tanto..."
(Os Novos Baianos)
Talvez nada daquilo fosse mesmo verdade. Porque, de uma forma ou de outra, nada é em si verdade... Ainda mais agora, em que toda aquela autoconfiança foi se esvaindo. E as dúvidas iam sufocando, pouco a pouco. Pouco a pouco, ela fazia dessa confusão mais uma operação matemática. Somava, diminuía, dividia... Mas não dava pra multiplicar, não. Multiplicar era quase impossível, porque ela não aprendera assim. Aprendera de outro jeito, e desse outro jeito ela não largara nunca. Sempre foi mais viável, mais cômodo dividir e somar, que multiplicar. Naquela cabeça, não tinha como multiplicar dois corações. E também não tinha como multiplicar um coração partido. Coração partido é divisão, e era só isso que ela sabia fazer. Acontece que, em algum momento seria necessário aprender a lei da multiplicação. Porque quando se multiplica o amor, se têm amor em dobro. E pensando assim, é bem mais justo. É melhor multiplicar “dois vezes dois”, do que somar 3 + 1. Embora desse o mesmo resultado, alguém sempre tinha que doar mais na cabeça dela. E ela já tinha doado demais (e se doído demais). Muitos pedaços tinham ido embora. E mesmo que infelizmente, ela aprendera que aquela matemática nunca dera certo... Mesmo que por dentro, parecesse um pouco lógica... Abandonar aquele pensamento era abandonar a si mesma. E ela já se abandonara há muito tempo. Tinha demorado um tempo para achar-se de novo, não correria esse risco novamente. Não, de novo, não. E gritava, mesmo quando ninguém ouvia.

2 comentários:

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  2. O problema mais complicado de todos é quando a(s) outra(s) pessoa(s) não sabe(m) contar. Quando aquele amor simples se torna uma equação complicada, cheio de sinais e parênteses.
    Sentimento deveria ser fácil e demorar o mesmo tempo que levamos pra entender a lógica do coração da gente: uma eternidade.

    Um abraço apertado e uma certeza: sempre fui melhor em Português - é mais fácil juntar letras. :)

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